Príncipe da Pérsia - Diversão garantida

O site Divirta-se fala que Príncipe da Pérsia, estrelado por Jake Gyllenhaal, é uma diversão garantida:



Príncipe da Pérsia - Diversão garantida
Filme é mais um blockbuster de Mile Newell com pitada de densidade


Marcello Castilho Avellar - EM Cultura

O inglês Mike Newell é daqueles cineastas com carreira irregular. Seu currículo inclui desde filmes que se tornaram cult em circuitos alternativos, como Quatro casamentos e um funeral, até obras nitidamente voltadas para o entretenimento (Harry Potter e o cálice de fogo). Aos primeiros, costuma dar leveza que raramente associamos a filmes “de arte”; nas últimas, acrescenta uma pitada de densidade a que o público de blockbusters não está acostumado. Sua nova realização, Príncipe da Pérsia – As areias do tempo, é tentativa de realizar entretenimento autêntico, de pura leveza – mas sem perder de vista aquilo em que o diretor é mestre, a capacidade de construir climas a partir da composição de imagens e da maneira como o tempo da narrativa é manipulado. O resultado é obra que realiza intenso processo de diluição de linguagens, tanto o modo pessoal com que Newell conta histórias quanto certos dialetos que se firmaram no filme de aventuras desde que a dupla Steven Spielberg/ George Lucas realizou Os caçadores da arca perdida.

Em teoria da arte, costumamos chamar “diluição” ao momento em que uma linguagem já usada exaustivamente como algo supostamente apto a falar do mundo começa a revelar suas contradições ou fraturas – e, portanto, começa a falar de si mesma. Príncipe da Pérsia é bom exemplo disso. Tomemos como exemplo a câmera lenta com suporte digital nas tomadas de ação. Quando as encontramos nas obras que a instituíram como código (O tigre e o dragão ou Matrix), percebemos que são levadas a sério, que aquela maneira específica de narrar os conflitos é parte do que é narrado, que sem ela estes filmes não conseguiriam dizer o que pretendem. Em Príncipe da Pérsia, encontramos tomadas semelhantes – mas elas constituem enfeites, frivolidades, truques que pretendem apenas encantar o espectador, e não dizer algo que só poderia ser dito daquela maneira.

Processo semelhante ocorre com a maneira como Príncipe da Pérsia trabalha outras influências. Dilui, por exemplo, a maneira como Os caçadores da arca perdida, Guerra nas estrelas ou os filmes que lhes deram continuação releu a linguagem dos antigos seriados de aventuras. E realiza processo análogo com a já mencionada aptidão de Mike Newell para a construção de climas. As atmosferas estão todas aqui. Só que em vez de conduzirem a história para frente, constituem piadas ao encaminhar nossos sentimentos para uma direção e frustrá-los, mostrando que a ação caminhava em direção oposta.

O resultado lembra os antigos filmes de capa-e-espada: completamente inverossímil, mas encantador exatamente por causa disso. Do eixo do enredo (herói precisa impedir que vilão assuma o trono de um império usando uma adaga que permite a seus possuidores voltar no tempo) aos detalhes das peripécias, passando pela superficialidade dos sentimentos, sabemos que tudo o que vemos é impossível. Só que é agradavelmente impossível, deliciosamente impossível. Afinal, não vamos necessariamente ao cinema para ver personagens, críveis ou incríveis, sentindo alguma coisa – vamos para sentir prazer. O que, para a maioria das pessoas, significa encontrar diversão.


Fonte: Divirta-se


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