Jake Gyllenhaal, o Príncipe de Hollywood

Jake Gyllenhaal foi entrevistado pelo site Pipoca Moderna:



Jake Gyllenhaal sempre foi o nerd, o geek, o loser eternizado em “Donnie Darko” (2001). Mesmo quando enfrentou o fim do mundo, no blockbuster de catástrofe “O Dia Depois de Amanhã” (2004), era apenas um estudante compenetrado que não acreditava ter chances de ficar com a mocinha.

Mas foi só o cabelo crescer para ele virar Sansão – ou melhor, Dastan, o Príncipe da Pérsia. Claro que não foi só o corte de cabelo que mudou seu destino. Jake cultivou músculos, aprendeu parkour, treinou boxe e agora é capaz de lutar de forma convincente com duas espadas ao mesmo tempo. Sem falar em pular de telhados e caminhar sobre paredes horizontais.

O nerd dos filmes indies, que não pensou duas vezes em interpretar um gay em “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), virou príncipe e herói de ação da Disneyworld. Com produção de Jerry Bruckheimer, o nome por trás da franquia “Piratas do Caribe”, e direção de Mike Newell, de “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (2005), “Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo” é bastante diferente de trabalhos anteriores de Gyllenhaal, mas o ator está tão convincente nas cenas fantásticas de enorme esforço físico quanto costumava ser em papéis de gênio matemático (“A Prova”, 2005).

Na entrevista de divulgação do filme, ele revela como foi passar da experiência de jogar o game “Prince of Persia” ainda criança para estrelar o filme baseado no jogo, onde pode lutar de verdade com espadas, fazer acrobacias, enfrentar efeitos especiais e, de quebra, encantar a mocinha – e todas as fãs que Dastan vai arrebatar. Confira:

É justo dizer que este filme é algo diferente para você? Foi por isso que decidiu aceitar este papel?

Se você reparar no trabalho que eu tenho feito, não há muita consistência. Talvez a única consistência seja que é inconsistente. Seja um filme obscuro sobre dois cowboys que se apaixonam no Wyoming ou um épico de ação como “Príncipe da Pérsia”, o que importa para mim são as pessoas envolvidas. E se você estiver indo fazer um grande filme, é melhor fazê-lo com as pessoas que sabem como fazer esse tipo de produção, e nisso não há ninguém melhor do que (o produtor) Jerry Bruckheimer. E tem outra coisa: eu adoro ver este tipo de filme. Então, é difícil negar a si mesmo a oportunidade de estar na tela atuando em um deles. É muito bom apenas estar num filme como este, saltar, montar a cavalo, brincar com espadas e entrar em um monte de lutas . É uma grande diversão.

Parece que Dastan tem um pouco de Indiana Jones. Era essa a sua intenção?

Ah, sim, definitivamente. Foi uma das influências, junto com os filmes de Errol Flynn. Eu me senti numa aventura épica à moda antiga, como as que eu adorava assistir quando era criança. Eu vi “Indiana Jones”, claro, como todos da minha idade, mas também adorava os clássicos “Robin Hood” e “Capitão Blood” com Errol Flynn. Logo que eu li o roteiro, vi que Dastan era como um desses personagens clássicos. Ele é galante, ágil e valente, mas, acima de tudo, não se leva muito a sério. Fiquei fascinado por ver que é possível ter senso de humor e embarcar na trama fantástica ao mesmo tempo, sem cinismo. Esse equilíbrio era importante. Errol Flynn fazia isso muito bem.

Você já interpretou personagens baseados em pessoas reais antes, mas que tipo de pesquisa você fez para o fictício príncipe persa?

Jerry Bruckheimer disse, desde o começo, que esse personagem tinha que parecer real, não um cartoon. Houve muita pesquisa pretensiosa sobre a qual eu poderia falar, mas realmente comecei com o sotaque e também com a projeção de minha voz. Para um filme como este ser bem sucedido, você precisa de uma algo teatral. Eu trabalhei com uma treinadora de voz e ela trouxe textos antigos. Eu ficava em uma das extremidades da piscina em Los Angeles, ela ficava no outro extremo, e eu gritava coisas como “O muro, homens! Por cima do muro! ” Era como fazer teatro. A preparação me fez sentir um pouco mais como um guerreiro. Houve muito treino físico também.

Que tipo de treino?

Foram seis meses de preparação. Me preparei para poder fazer as cenas como apareciam no jogo e não para fotografar bem e ficar musculoso. Eu malhei com um colete à prova de balas e carregava nove quilos extras quando saía para correr, para simular uma armadura. Também levava algo na mão para me acostumar a correr com uma espada. Pratiquei muito boxe para garantir que tivesse equilíbrio dos dois lados, porque Dastan frequentemente luta com duas espadas ao mesmo tempo e tudo tem que ter simetria. O fato é que eu sou uma pessoa ativa no meu dia-a-dia e adorei treinar para este filme. Quando descobri que meu pesonagem podia correr nos muros, no videogame, eu soube que teria que treinar parkour, sem dúvida. Eu tive então a felicidade de conhecer e treinar com David Belle, o inventor do parkour, e ele me ensinou de verdade, literalmente, a correr nos muros e pular de telhados com segurança. Não é fingimento ou efeito especial que aparece na tela nessas ocasiões. Eu realmente fiz isso.

Você nunca pensou em usar um dublê para fazer as cenas mais difíceis por você?

[Risos] Não, eu sempre quero fazer o máximo que eu posso. E eu sou um pouco perfeccionista quando se trata das sequências de combates. Eu quero fazer todos os movimentos perfeitamente, e eu me recuso a aceitar qualquer coisa menos que isso. Claro que há cenas com dublês no filme, mas posso dizer que pelo menos tentei fazer tudo.

Qual é sua cena favorita do filme?

A cena de luta com Asoka. Ele está me perseguindo num cavalo, de lança em punho, e se aproximando cada vez mais. Eu também estou num cavalo, mas mais lento, e quando ele está para me alcançar passamos sob um túnel. É então que eu uso as paredes do túnel para derrubá-lo do cavalo. Foi um jeito muito inteligente e divertido de usar meu treinamento de parkour.

Como foi trabalhar com o diretor Mike Newell?

Ele trouxe um ponto de vista único para o filme, que foi determinante para a criação do personagem e da trama. Foi idéia de Mike e Jerry Bruckheimer que o filme fosse baseado no mundo real. Eu fiquei em dúvida: como é possível filmar uma fantasia como se fosse realidade? Mike me mostrou uma pintura de um homem persa do sérculo 6, deitado num tapete e sonhando – quase alucinando. E me disse: “É isto que eu quero que este filme seja. Eu quero que seja baseado na imaginação de um persa do século 6, quando aqueles homens acreditavam que a fantasia pudesse se tornar realidade, que coisas místicas como a adaga que pode reverter o tempo eram verdadeiras possibilidades, simplesmente porque queriam acreditar”.

E que tal filmar no deserto, durante o verão?

QUENTE. Mas nós tivemos tanta hidratação que chegava a ser ridículo. As pessoas estavam literalmente andando sobre Gatorades e jogando spray na boca de todo mundo entre as tomadas. Além disso, enquanto toda a equipe estava andando de shorts, camisetas e chinelos, eu era o único, ironicamente, com a roupa apropriada para enfrentar o deserto.

Você fez alguns grandes filmes, mas parece que Príncipe da Pérsia está em uma escala diferente …

Eu só pensei, ‘Uau!’ Mesmo durante os ensaios, quando eu vi as primeiras fotos do desenho de produção, simplesmente fundiu minha mente, tudo, desde os figurinos incríveis aos sets enormes e locações no Marrocos. Não por ser tudo gigantesco, mas por cada pormenor nos trajes e sets. É um trabalho minucioso como nunca tinha tido a chance de fazer.

Você já tinha jogado o videogame antes do convite para o filme?

Joguei horrores. Eu era fã da versão original, quando era criança. E depois que peguei o papel de Dastan, voltei a jogar para pesquisar o personagem. Teve ocasiões, durante a produção, em que eu propus filmar alguns movimentos do jogo e levei os dublês para o meu trailer para mostrar-lhes no jogo exatamente do que estava falando. No final, eu acabava suspenso num guindaste por duas horas, pensando: “Por que diabos eu fui mencionar esse movimento?” Mas, ao mesmo tempo, considerava: “Bem, isso vai ficar bem divertido no filme, vai parecer impressionante e valer a pena a irritação na pele que o cabo está deixando”

“Príncipe da Pérsia” é do mesmo produtor de “Piratas do Caribe”. Você acha que este filme pode ter o mesmo apelo de público?

Eu acho que “Piratas do Caribe” era mais do que apenas uma adaptação de parque temático e este será mais do que apenas uma adaptação de vídeogame. É muito divertido e é um grande conto, além de ter personagens interessantes e uma verdadeira epopéia. Nós nunca dissemos que este filme é só para crianças ou só para os fãs de videogames. Nós sempre imaginamos como tendo um apelo muito grande.

O filme é sobre o destino. Você acredita em destino?

Conforme eu vou ficando um pouco mais velho, começo a acreditar. Ao olhar para as experiências do meu passado, vejo que deve existir algum tipo de destino. Mas será que podemos alterá-lo? Quem sabe?


Fonte: Pipoca Moderna

Jake Gyllenhaal deixando o The Lamill Coffee Shop em Silver Lake, CA[04.06.2010]

Fotos de Jake Gyllenhaal deixando uma cafeteria com um amigo:




Fonte: IHJ

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