Tradução da entrevista na Esquire Magazine - 1ª Parte

1ª parte da tradução da entrevista com Jake Gyllenhaal na Esquire Magazine. A outra parte, para quem já está com os scans, é daquela página preta com letras vermelhas, onde ele fala sobre sexo.

A tradução vem acompanhada das imagens em HQ do photoshoot da revista, cortesia do site IHJ.

Obs: Entrevista completa após o corte [Mais informações] ou clicando aqui.


O próximo filme de Jake Gyllenhaal está cheio de cenas de nudez, orgias e piadas sobre masturbação. Melhor ainda, revela como levar Anne Hathaway pra cama no primeiro encontro. Poderia ser essa a comédia romântica que os homens irão realmente querer assistir?

Talvez seja esse sorriso meio ardiloso, mas Jake Gyllenhaal tem sempre dado a impressão de ser um um homem apoiado por um imenso e bondoso segredo. Em Donnie Darko o segredo era um coelho de 6 pés de altura que predizia o fim do mundo. Em “O Dia Depois de Amanhã” foi de verdade o fim do mundo, como imaginado pelo mago dos efeitos, o diretor alemão Roland Emmerich. Em “O Segredo de Brokeback Mountain”, foi o amor que não ousava dizer seu nome. Em “Zodíaco” foi a identidade do serial killer que aterrorizava São Francisco entre os verões de 1968 e 1969.

Em seu novo filme, Gyllenhaal ultrapassa todos esses segredos. O segredo sobre o qual ele está sentado é sobre o ápice de uma carreira, o segredo para terminar todos segredos, um grau de intimamente tão guardado e ferozmente procurado por aproximadamente metade da populaçao mundial: saber como levar Anne Hathaway pra cama no primeiro encontro.

Adaptado do best seller autobiográfico “Hard sell: The evolution of a viagra salesman” de Jaime Reidy, sobre a vida movimentada por uma corrida do ouro do viagra no final dos anos noventa, “Love and Other Drugs", é estrelado por Gyllenhaal como um belo, charmoso, vendedor farmacêutico que conhece e se apaixona por uma jovem mulher, interpretada por Hathaway, nos primeiros estágios da doença de Parkinson. E se isso parece virar perigosamente perto do territorio de James L. Brooks[diretor de filmes como Melhor é Impossível], você não está tendo em conta as obscenidades com as quais o diretor Ed Zwick espirra no conto de Reidy. Piadas com pinto. Brincadeiras com masturbação. Cenas com bumbum. Músicas sobre impotência. Sequências envolvendo ereção. Orgias, sexo oral, sex tapes, cenas de sexo de todos os tipos.

A personagem de Gyllenhaal no filme, Jamie Randall, é como o Jerry Maguire da venda das drogas – um cara que consegue passar o tempo seduzindo qualquer recepcionista, mas que tende a suar frio quando precisa dizer “Eu te amo”. Esse filme se apresenta como uma comédia romântica com esteróides, que é uma outra forma de dizer que isso é a primeira comédia romântica em considerável número de anos que os homens podem querer assistir por vontade própria, ao contrário do que realmente acontece, quando são arrastados para o cinema.

"Quando eu li o roteiro pela primeira vez, eu apenas soube, eu tenho que fazer ese papel, eu preciso conseguir isso, tenho que estar neste filme. Eu simplismente amei ele." diz Gyllenhaal quando eu me encontrei com ele para uma cerveja no jardim do Hotel Greenwich em Tribeca. Ele estava vestindo jeans, camisa xadrez e uma barba de um mês, e estava sentado relaxadamente em sua cadeira, sua camisa aberta revelou uma delicada corrente dourada em seu peito. Ele demonstra um level quase infantil de contentamento. Como ele sempre faz quando ele vem a Nova Iorque, ele fica na casa de sua irmã, a atriz Maggie Gyllenhaal, e de seu marido Peter Saarsgard no Brooklyn.

Na noite anterior ao nosso encontro, ele saiu para jantar com Anne Hathaway e seu novo namorado, o ator Adam Shulman. "Eu sinto como se ela fosse uma grande 'camarada'", ele diz. "A coisa sobre a Annie é que ela desenvolve seus personagens com detalhe absoluto. Ao ponto dela ir ao Lower East Side comprar sutiãs florescentes para sua personagem. Eu sabia que Anne poderia arrasar. Eu apenas sabia. Nós já fizemos dois filmes [O Segredo de Brokeback Mountain e esse]. Espero que façamos mais.”




Esquire: Você parece feliz perto de atrizes poderosas. Não só Hathaway, mas com Catherine Keener em Lovely And Amazing ou Gwyneth Paltrow em A Prova.

Jake: Bem, eu cresci cercado por mulheres talentosas. Você tem que encontrar onde está o coração do filme. Não é um problema de ego pra mim. Eu apenas quero estar em filmes que mudem as pessoas. Você tem que saber onde está a força e se mover ao encontro disso. Qualquer pessoa de sucesso, em qualquer negócio, qualquer profissão, se move na direção do que funciona. E se você negar o que funciona por causa do seu proprio ego, você está acabado.

Esquire: Quando vocês eram crianças, Maggie assumiu a produção de "Cats" mas colocou você como um pobre solitário gato, sem nenhuma fala. Ela mandava um pouco em você?

Jake: Sim, quando éramos jovens. Estranhamente, eu atuei profissionalmente antes dela, então eu estava fazendo filmes antes mesmo dela começar. Mas eu a admirava e continuo a admirar. Isso pode entrar como o motivo pelo qual eu não tenho problema em deixar as mulheres com as quais eu trabalho brilharem. Eu amo as mulheres. Apoio funciona, curiosamente. Principalmente com a mulher com quem eu quero estar.[Aqui Jake está dizendo que ele quer uma mulher que dê apoio a ele, e vice-versa]

Esquire: Seu pai era diretor. Sua mãe roteirista. Paul Newman te ensinou a dirigir. Mas inicialmente seus pais se opuseram a você a segui-los no show business – por que isso?

Jake: Meus pais viram o quanto eu amava isso. Eles viram os perigos que isso envolvia – não coisas que você consideraria um grande perigo, mas estranhos aspectos da profissão, então eles tentaram me manter longe disso. Eu não sei, eu era tão insistente.

Esquire: Como você pegou o “bicho” da atuação?

Jake: Quando era bem mais novo, definitivamente apreciava a atenção que vinha disso – se eu pensar sobre o aspecto psicológico. E então, amo, amo, o ato de contar histórias, o sentimento de fazer as palavras suas, ter algo movendo através de você. Isso me traz grande alegria. É um sentimento maravilhoso.

Esquire: No começo da sua carreira…

Jake:.. é tão engraçado te ouvir dizer isso. Eu tenho 15 anos de carreira e estou com quase 30 anos de idade. Incrível.

Esquire: Você começou jovem. Cresceu na frente das câmeras.

Jake: Eu sei, cara. É um lugar estranho para se crescer, um set de filmagem.

Esquire: Em 2002, você pegou um papel no teatro em Londres – na comédia social “This Is Our Youth”. Depois disso sua carreira decolou: “Brokeback Mountain”, “Jarhead”, “Proof”, “Zodiac”.

Jake:[rindo] você está implicando que meu tempo no teatro em Londres me formou?

Esquire: Acho que estou, sim senhor.

Jake: Sou muito orgulhoso da minha performance naquela peça. Muitas pessoas estavam me dizendo:"Não faça teatro, não dá dinheiro, você vai estar fora da cidade, ninguém vai ver isso…" Mas aconteceu, numa extravagância, de pegar o papel, e os subseqüentes cinco diretores com os quais trabalhei todos vieram ver o show. E a maioria deles é britânico.

Esquire: Sam Mendes, que te dirigiu em Soldado Anônimo, disse que para merecer seu sucesso você estava "desesperado por ser punido em algum nível". É isso que precisa?

Jake: Naquele tempo, talvez. O aspecto físico do que a marinha faz, através de como eles se colocam, foi interessante. Eu encontrei algo nesse sentido de ser levado até o limite. Acho também, que nessa época, eu fiz muito mais – acho que você pode chamar isso de punição. Teve muito "Oh, eu fui tão bom assim? Não sei, eu poderia ter feito melhor…” Talvez seja a adolescência. Você eleva seus padrões muito, muito, muito alto, na esperança que você sairá ok. Isso é algo que eu abandonei completamente. Não funciona pra mim.

Esquire: Seu grande sucesso veio pouco depois de Soldado Anônimo, com O Segredo de Brokeback Mountain.

Jake: Nós encontramos ouro com esse filme. O filme continua a permancer [na mente das pessoas], e grande parte disso tem a ver com quão extraordinário Heath Ledger era, e com a extraordinária força que ele tinha como ator. Se ele ainda estivesse vivo todo mundo estaria clamando para trabalhar com ele. Eu só me sinto honrado de ter trabalhado com ele e de tê-lo chamado de amigo. Esse filme que eu e Annie fizemos foi resultado disso. "Love And Other Drugs" é o filho de Brokeback Mountain. Realmente é. Isso é como eu sinto. Eu estou desesperado para trabalhar com Michelle Williams novamente. Isso é o que eu acho tão incrível sobre estar tendo a sorte de durar tanto nesse negócio. É como quando Seth Rogen estava em Donnie Darko. Ele tinha meia cena e agora ele é essa imensa estrela. Você sabe o que eu quero dizer. Isso é tão legal.


Esquire: Na Columbia University, você estudou religião e filosofia oriental – o que faz de você uma das únicas estrelas de cinema hoje que pratica técnicas de relaxamento à moda antiga.

Jake: O bem estar vem da preparação. Toda vez que não estou preparado o suficiente, ou não entendi muito a personagem, há um sentimento de mal estar. Há liberdade do outro lado da disciplina. Olha para Danny Kaye[foi um dos maiores comediantes do cinema americano]. Danny Kaye não fez nada além de trazer alegria para a vida das pessoas. Eu não acho que ninguém pode fazer o que Danny fez.

Esquire: Em qual lugar você está mais em paz?

Jake: Eu acho que na comédia. Eu me sinto esperto o suficiente para ser capaz de improvisar certas coisas. Eu trabalho de certa maneira, gosto de me mover rápido. Minha atuação vem disso. É por isso que eu amava trabalhar com Robert Downey Jr (Zodíaco). Ele e eu tínhamos essa forma similar de trabalhar. Sua energia é um pouco mais frenética do que a minha, mas em termos de trabalho, nós funcionamos.

Esquire: Tem sido um grande ano para você e "Love And Other Drugs" tem a sensação de grande sucesso. Você apenas acabou de filmar Source Code. Você também está quase completando 30. Como é a vista de onde você está sentado?

Jake: Agora é a época, na minha vida e na minha carreira, onde posso cometer erros. Eu acho, criativamente, erros devem ser cometidos, lições devem ser aprendidas. Eu gosto de ir atrás de coisas que talvez seja um pouco menos do que as pessoas esperam de mim. "Love And Other Drugs" eu sinto como um ponto de virada. Uma vez que você tem a experiência como a que tivemos nesse filme, você espera por isso novamente e tudo empalidece em comparação. Eu encontrei isso com Duncan em "Source Code" – ele permite que os atores tenham isso. Eu estou numa maravilhosa transição nesse momento – decidindo o que eu quero fazer em seguida, e eu só não sei o que é.


Gradecimentos ao site Jake Ultimate. Eu apenas acrescentei algumas notas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário